Seja bem-vindo!

Olho de Pelica
Um olho que olha querendo ver e não teme o visto.
Interioriza, processa, acolhe e devolve. Sem medo de ser feliz.

Aderlei Ferreira

domingo, 26 de julho de 2009

Tem que chorar mesmo?

Me impressiona como não somente no Brasil, mas em muitas partes do mundo algumas empresas insistem a só atender a quem reclama.

O Provérbio "Quem não chora, não mama" (eternizado na letra de Nelson Barbosa - Vicente Paiva, quase um Hino do Cordão do Bola Preta e declarado patrimônio cultural do Rio de Janeiro) ainda - e infelizmente - é a máxima quando o assunto envolve consumidor e empresa.

Cada vez mais o ser humano perde sua dualidade e cria muros para evitar assumir responsabilidades que, a priori, são suas.

Entendam:

O músico Dave Carroll teve, em março de 2008, durante uma escala em Chicago parte de um vôo de Halifax, no Canadá, a Nebraska, nos Estados Unidos, onde ele se apresentaria com sua banda de folk-rock Sons of Maxwell, seu violão quebrado pelos colaboradores da United Airlines. A empresa, na época, não quis assumir e pagar pelo incidente.

Carroll, insistiu e diante da recusa resolveu criar um clipe sobre a situação.

Após mais de 4 milhões de pageviews no Youtube e muitas entrevistas na TV a empresa busca o músico alegando rever sua posição e querendo ressarcir. Claro que ele recusou.

A minha questão roda, roda, roda e volto ao início:

Até quando, enquanto seres humanos, evitaremos fazer o que tem que ser feito antes de nos forçarem, antes de buscarem recursos para nos obrigar a cumprir nossos deveres e obrigações?

Ai vai o clipe:


E aqui uma reportagem completa:

http://musica.uol.com.br/ultnot/bbc/2009/07/24/clipe-contra-companhia-aerea-por-violao-quebrado-vira-hit-no-youtube.jhtm

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Olhar querendo ver

É claro que teoricamente um deficiente visual não pode ver.
É claro que basta um pouco mais de visão para ver que eles veem.

Olhar querendo ver pode ser muito para quem foi recém apresentado ao conceito, porém bastam algums metros de pensamentos para que fique claro: Mais difícil que olhar querendo ver é conseguir processar e até aceitar o que é visto.

O ser humano, se comparado a outros animais, não sofre somente de pouca visão ou visão deficiente.
Acima disso, ele sofre - e é fato! - de deficiência na visão intelectual, na visão interpretativa, na visão social.

Nos possibilitam tantos e tantos aprendizados, mas nem todos nos permite apreender a ver, processar e aceitar o resultado desse ciclo.
Geralmente usamos bases prontas para quase tudo.
Não desenvolvemos o movimento de iniciar do início. Sermos severamente redundantes ao avaliar algo, alguém ou alguma idéia.

Ops! Claro que, ao longo dos anos, nos moldamos, acomodamos e apreendemos a dizer a típica frase "eu sou assim e pronto!". Pronto?

Nascemos com centrimetros, não somente mudamos o tempo todo quanto não paramos de mudar nunca. Assim, por que justo a nossa central administrativa (cérebro e modus operantis) tem que, a partir de algum ponto, ser cerceado e não mais desenvolver?

Penso, logo imploro para que minha existência seja realmente algo visto (sobretudo por mim).

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Atendimento. Que atendimento?

Hora do almoço, restaurante cheio. No primeiro momento a vontade é de desistir, mas a fome é negra e você resolve contra atacar. Entra.
Serviço diversificado. Você tanto pode se servir no sistema self-service (e pagar menos) quanto você pode optar por rodízio, mesclando os dois (e pagar pelo serviço extra).

Vai lá. O melhor, quando se está com fome é comer. Algo redundante e obviamente bem-vindo.
No passeio pela mesa de comida - buffet - meus olhos se alimentam e a vontade é de encher o prato, melhor lotar o prato, com um cadinho de cada coisa, mas... o cérebro, astuto, sinaliza: - vai manso aqui... separe um bom espaço para as maravilhosas, suculentas e variadas carnes.
Assim, você atende a duas pedidas.
A primeira é o que passa na televisão. Muita salada e prato multicolorido.
A segunda é a esperteza de ter "cositas leves" na hora da pesada - e marvada - carne chegar.

Volta a mesa, o povo olha como o prato está belo, saudável e bem harmonizado. Tolos, não perceberam que sou lobo em pele de cordeiro. Cordeiro, aliás, que será devidamente assado e degustado na fatídica seqüência.

Mesa não tão limpa, pois acabou de levantar uma pessoa, mas tudo bem, o que importa é comer!
Três garfadas e lá vem, de cara, o fumacento e convidativo cupim! Hummm, salivo me preparando de dentro para fora.
Só que o garçom não me vê e passa com tudo para a mesa atrás de mim. Três gostosas sorridentes...
Meu humor já pensa em abalar, suas estruturas treme levemente, mas... é só isso. O resto está indo bem. A salada tem sabor, o arroz está soltinho, o tempero agradável e a fome sendo, ainda que fora da maneira que eu gostaria, saciada.
Até porque isso é rodízio e logo vem outra carne, tchê!
Por falar em suculenta carne... A garganta seca com a farofa e um refrigerante cairia bem.
Calma, eu sei que não é recomendável consumir alimento junto a bebida, mas... pode parar porque eu já fiz a minha boa ação ao pegar uma salada bonita e saudável!

Com o olhar, procuro o mestre (ou maître, para os mais sofisticados). Quero pedir.
O mestre, que deveria recepcionar, abrir a comanda e fazer as honras da casa está concentrado abastecendo o buffet, nem mesmo olha para os lados. Quero dizer, nem mesmo olha para os clientes homens e mulheres acompanhadas, pois por todo o tempo que estive lá não entrou uma só “gostosa” que não fosse vista, admirada e até cumprimentada por... todos! Até por mim, mas vai, eu estava ali para comer mesmo, né não?

O garçom iniciante (hoje mais conhecido como cumim e elevado ao cargo de auxiliar de garçom) vinha com bebidas, recolhia pratos, mas não me olhava. Simplesmente passava por mim como se eu fosse invisível. Atendia todas as mesas ao meu entorno e... me pulava. Impressionante! Igualmente causou má impressão (até espanto) os “garçons da carne” não notarem que meu prato de carne estava vazio, meu pegador limpo e... eu sem comanda sinalizando se era self-service ou rodízio.

A essa altura a salada já estava fria e, por favor, não venham me dizer que no Brasil as saladas são frias mesmo porque a minha estava fria. Tão fria quanto meu, já habitualmente refrigerado, humor.

O prato já estava no final (2/3) quando levantei, fui atrás do dono e comentei a situação.
Infelizmente ele não soube o que dizer e veio com a típica conversa de que me daria um desconto.
- Por favor, não quero desconto. Quero ser atendido.
Então, sem saber o que dizer, ele disse que, na próxima ele mesmo me atenderia.
Quis entender o lado dele, já fui lá outras vezes, aprecio sua explícita força de vontade e sorriso sempre franco, porém o atendimento nunca foi dos mais primorosos, mas também nunca foi de decepcionar.
Assim, optei por não falar afim de não piorar a sua situação, mas pensei com todas as letras:
- Amigo, eu quero ser atendido. Não me importa se por você, pelo Papa, pelo Mr. President (vulgo amigo d"o cara") ou pelo garçom menos qualificado da casa. Só quero ser atendido.
Ele, sem saber o que dizer, abaixa a cabeça e sai.
Meu coração parte, meu cérebro compadece, mas meu estômago continuava esperando carne!
Sério, ele podia ter me dito que está com problema de pessoal (notei que o número de colaboradores estava super reduzido), podia ter dito que houve um evento atípico e que, naquele momento, eles se perderam por terem sido pegos de surpresa (ao entrar, notei que a porta estava lotada de pessoas de um curso preparatório ao lado), podia ter dito que o diabo passou por lá e deixou "tumulto" de gorjeta.
Oras! Podia ter dito qualquer coisa, ficar sem saber o que dizer é simplesmente inaceitável!
Me oferecer desconto é, além de comum, o esperado. Mas eu não queria. Disse que não queria, pois fui lá para comer e não para ser mal atendido e receber desconto por isso! Ainda assim, não recebi o desconto e já conto, sem desconto, a visita ao caixa.

Quando eu acabo de comer (talheres convencionalmente sinalizando satisfação) chega o cumim. Ao que parece me viu, pois mesmo reclamando com o dono ele foi incapaz de mandar o pessoal a minha mesa, acreditam?!
Me perguntou qual era o tipo de serviço e completou querendo saber da minha comanda. A mesma que ele deveria me ter dado.
Quando eu perguntei se ele havia me dado a comanda, ele se esquivou dizendo que tem outro cumim, o cabeção(sic), que também dá comanda. Nenhum dos dois dá atenção, mas ambos estão lá para dar (comanda).
Segurei o choro, juro que minha vontade foi de fazer um daqueles choro-escândalo-de-mulher-em-TPM, respirei fundo, entendi que era praga e ainda uni forças para agradecer.

Peguei a comanda recém adquirida. Levantei e fui ao caixa, pois mesmo depois daquilo tudo eu teria que pagar. E concordo que tenho que pagar, comi.
Entendam: Se notei que o atendimento estava ruim que tivesse levantado ainda nas primeiras garfadas. Acho justo, nessa situação, não pagar. Não comeu, não paga. Comeu? Não importa o motivo. Paga!

Chego ao caixa e só vejo uma moça, parente do dono (acredito que esposa), um telefone no ouvido, um telefone em espera e vários pedidos de desculpas. Ao que percebi, o atendimento não estava precário somente no interior, mas a turma do exterior também vacilava ao fazer entrega.
Não quero ser injusto e ressalvo que notei a ausência de duas pessoas que ficavam com ela no caixa. Porém isso não pode ser usado como desculpa para um atendimento sem qualidade. Se há falta de pessoal que, ao menos um, fique rodando as mesas para tanto pedir desculpas quanto avisar que a casa passa por mudanças ou imprevistos. Algo simples, fácil e altamente eficaz.

Ela tenta, atendendo ao telefone, receber de mim, mas não consegue por questões de troco.
Eu espero. Ela desliga um, pega o outro e chega a minha vez.
Entrego a comanda, ela se assusta por eu não ter bebido nada.
- Não bebi porque não foram me atender.
Ela abaixa a cabeça e pede desculpas, eu digo que não desculpo, pois ela seguiu o mesmo padrão dos outros ao me deixar esperando. Não importa o motivo. Fiquei esperando sem ter sido avisado.
Ela não sabe o que fazer, eu fico mais sentido ainda, pois ela não sabia do meu caso e muito menos me ofereceu desconto.
Repito que não aceito trocar desconto por atendimento precário, mas confesso que me sentiria melhor se simplesmente fosse atendido. Se simplesmente ouvisse dela a explicação que ficou faltando na hora que falei com o dono. Era a oportunidade de ouro.
- Olha, nos desculpe mesmo, estamos com uma série de mudanças e buscaremos não repetir o ocorrido.
Desconto? Não precisa dar, mas... força, se esforça para mostrar ao cliente que você o vê como importante para a empresa. Não é pessoal e um centavo pode fazer a diferença na hora do balanço. Tanto dele quanto seu!
Não quero, de verdade, atendimento “a la cinco estrelas”, mas juro que pago, busco e quero um atendimento, no mínimo, digno.

E pouco me importa se há deficiência no corpo de colaboradores, se o dono não está bem ou qualquer outro ponto, pois a tal satisfação prévia (ou durante a refeição) teria feito toda a diferença. Eu deixaria de ser “um simples cliente” para ser um “cliente simples que entende e colabora para o crescimento da casa”.

Um comerciante tem que estar pronto para tudo, inclusive para saber o que responder quando aparecer um cliente faminto, chato, mas disposto a pagar como eu.

Por outro lado, em atendimentos como esse, entendo o porque de tantos e tantos empreendimentos abrirem e fecharem com tanta facilidade.
Não precisa investir tanto em marketing para levar as pessoas a sua casa, invista em atendimento e a sua marca irá até as pessoas e as trarão até você.
E isso não é só para o comércio, mas para qualquer coisa e área, inclusive a pessoal.

Tenho dito, atesto e dou fé!

terça-feira, 21 de julho de 2009

Extra!

A última notícia é que todos falam do moço mutante que tinha super poderes para cantar e dançar.
Agora foi humilhado pelo pai e tudo pode ser explicado sem nem mesmo acionar o senhor doutor professor Sigmund Freud.

MJ era um menino feliz e brincante até que foi arduamente explorado pelo pai e seus cinco irmãos. Segundo consta a lenda, ele era uma lenda e abastecia a todos com seu sucesso.

A notícia mais forte não foi a sua morte, foi o fato de, agora, poderem absolvê-lo de todos os seus deméritos.

Voltamos ao nosso "noticiário normal".